MANTER-SE SAUDÁVEL
Tramadol é um analgésico usado para aliviar dores moderadas a intensas. Saiba mais sobre este medicamento e se ele pode ser adequado para você.
Todos os medicamentos apresentam riscos. Desde efeitos colaterais menores até reações alérgicas potencialmente fatais, toda decisão de tomar um medicamento deve ser tomada somente depois que os benefícios esperados forem avaliados em relação aos riscos conhecidos. Você não está sozinho nisso: seu médico, seu farmacêutico e um conjunto de informações estão disponíveis para sua análise.
Recentemente, escrevi sobre como os medicamentos recentemente aprovados acumulam frequentemente novos avisos sobre a sua segurança, incluindo um medicamento para gota que recebeu um novo aviso devido ao aumento do risco de morte. Agora, de acordo com um novo estudo, o medicamento comum para dor prescrito tramadol pode receber um aviso semelhante.
O que é tramadol?
O Tramadol está em uma classe de medicamentos chamados analgésicos opiáceos (narcóticos). Funciona alterando a forma como o cérebro e o sistema nervoso respondem à dor. Tramadol é um medicamento aprovado pela FDA para o alívio da dor.
Existem duas formas de tramadol: liberação prolongada e liberação imediata. Os comprimidos e cápsulas de tramadol de liberação prolongada são usados apenas por pessoas que necessitam de medicação para aliviar a dor 24 horas por dia.
Tramadol usa
Tramadol é usado para aliviar a dor moderada a moderadamente intensa em adultos e crianças com 12 anos de idade ou mais.
Tal como acontece com outros analgésicos narcóticos, raramente é a primeira escolha de tratamento. Geralmente é recomendado na menor dose eficaz pelo menor período de tempo possível.
Efeitos colaterais do tramadol
Informe o seu médico se algum destes sintomas for grave ou não desaparecer:
- sonolência
- dor de cabeça
- nervosismo
- tremor incontrolável de uma parte do corpo
- mudanças de humor
- azia ou indigestão
- boca seca.
Precauções e riscos do tramadol
Quando aprovado pela primeira vez em 1995, o tramadol não era considerado um opiáceo (como a morfina ou a oxicodona), embora agisse de forma semelhante. Porém, por terem ocorrido casos de abuso e dependência com seu uso, o pensamento e as advertências mudaram.
Em 2014, o FDA designou o tramadol como substância controlada. Isto significa que, embora possa ter sido aceite para utilização em cuidados médicos, também tem potencial para abuso ou dependência e, portanto, é regulamentado de forma mais rigorosa. Por exemplo, um médico só pode prescrever no máximo cinco recargas, sendo necessária uma nova receita a cada seis meses.
Comparado com outras substâncias controladas, o tramadol está na extremidade mais segura do espectro. A heroína, por exemplo, é uma droga de Classe I (alto potencial de abuso e sem uso médico aceitável). OxyContin é um medicamento de Classe II (também tem alto potencial de abuso, mas tem uso médico aceito). Classificado como medicamento de Classe IV, o tramadol é considerado útil como analgésico com baixo potencial de abuso.
Nova pesquisa sobre tramadol
Pesquisadores que publicam na revista médica americana JAMA examinaram o risco de morte entre quase 90.000 pessoas um ano após receberem a primeira prescrição de tramadol ou um dos vários outros analgésicos comumente recomendados, como naproxeno (Aleve, Naprosyn), diclofenaco (Cataflam, Voltaren) ou codeína. Todos os participantes tinham pelo menos 50 anos e osteoartrite.
Aqueles prescritos com tramadol tiveram maior risco de morte do que aqueles prescritos com medicamentos antiinflamatórios. Por exemplo:
- naproxeno: 2,2% do grupo tramadol morreu vs. 1,3% do grupo naproxeno
- diclofenaco: 3,5% do grupo tramadol morreu vs. 1,8% do grupo diclofenaco
- etoricoxibe: 2,5% do grupo tramadol morreu vs. 1,2% do grupo etoricoxibe.
Enquanto isso, as pessoas tratadas com codeína apresentavam um risco de morte semelhante ao das pessoas tratadas com tramadol.
No entanto, devido ao desenho do estudo, os investigadores não conseguiram determinar se o tratamento com tramadol realmente causou as taxas mais elevadas de morte. Na verdade, os pacientes para os quais o tramadol é prescrito podem fazer com que pareça mais arriscado do que realmente é.
O que é confuso?
Os estudos de investigação médica podem tirar conclusões erradas por uma série de razões. Talvez houvesse poucos participantes para encontrar diferenças significativas. Talvez a dose do tratamento tenha sido muito alta ou muito baixa. Mas uma importante fonte de erros nos estudos é chamada de confusão.
Significa que um factor inesperado ou externo – e não aquele que está realmente a ser examinado – levou aos resultados observados. Por exemplo, digamos que dois grupos sejam comparados quanto ao risco de ataque cardíaco e o grupo com maior risco tenha uma dieta menos saudável. Pode-se concluir que as escolhas alimentares levaram a uma pior saúde cardíaca. Mas e se aqueles que seguem uma dieta pouco saudável também fumassem muito mais do que os que comem alimentos saudáveis? O fumo pode ser o verdadeiro culpado. É um fator de confusão que deve ser levado em conta para que a pesquisa tenha credibilidade.
Como a confusão poderia afetar os resultados do estudo?
Com este novo estudo do tramadol, a confusão é uma preocupação real. Por exemplo, para uma pessoa que tem doença renal e artrite, os médicos podem prescrever tramadol em vez de naproxeno, porque este último pode piorar a doença renal. No entanto, a doença renal pode aumentar o risco de outros problemas de saúde, incluindo uma taxa mais elevada de mortalidade, que poderia então ser atribuída ao tramadol. Em outras palavras, o motivo pelo qual seu médico escolheu o tramadol pode fazer com que este medicamento pareça mais arriscado do que realmente é.
Os autores do estudo reconhecem esta possibilidade e tomaram medidas para limitá-la. Na verdade, muitos estudos tentam evitar esse tipo de erro, mas é impossível evitá-lo completamente.
O resultado final
Se você toma tramadol, converse com seu médico sobre este estudo. Embora as taxas mais altas de morte entre usuários de tramadol sejam preocupantes, não está claro se o tramadol é o verdadeiro culpado. Precisaremos de mais pesquisas para confirmar – ou refutar – as descobertas. Se o tramadol aumenta o risco de morte, queremos entender por que e o que fazer a respeito (por exemplo, é um risco facilmente evitável, como uma interação com outros medicamentos?). Mais pesquisas também podem ajudar a educar médicos e pacientes sobre todos os riscos potenciais do tratamento com tramadol.
Fonte: Escola de Medicina da Universidade de Harvard