A Microsoft anunciou em setembro que a companhia recusou os pedidos do governo norte-americano para usar seu software de reconhecimento facial em casos em que teme o uso indevido da tecnologia. “Não venderemos serviços de reconhecimento facial para fins de vigilância em massa em nenhum lugar do mundo”, disse Brad Smith, diretor jurídico e presidente da Microsoft, durante uma entrevista à Reuters.
A empresa tem pedido regulamentação mais forte sobre a tecnologia de reconhecimento facial, usada na China para vigilância de minorias étnicas. Smith, porém, não defende a proibição da tecnologia, afirmando que a Microsoft acredita que ela tenha utilizações importantes.
Reconhecimento facial pelo mundo
Nas próximas Olimpíadas, em 2020 no Japão, atletas, patrocinadores, jornalistas e voluntários usarão o sistema de reconhecimento facial para acessar todos os locais que precisarem.
A tecnologia que será utilizada é da empresa japonesa NEC e da Intel. “O sistema foi projetado para permitir que os organizadores das Olimpíadas garantam uma verificação segura para mais de 300.000 pessoas credenciadas”, disse Ricardo Echevarria, gerente geral do projeto Olimpíadas da Intel.
É a primeira vez que os Jogos Olímpicos vão utilizar esta tecnologia. “O reconhecimento facial melhora a segurança e a eficiência ao confirmar uma identificação com foto com o rosto da pessoa que procura entrar em uma instalação, dando mais velocidade e precisão do que a equipe humana”, disse um porta-voz da NEC.
Em outro exemplo do uso da nova tecnologia, a Royal Caribbean Cruises fez um projeto piloto com os passageiros que embarcaram em seus navios na Flórida. Os passageiros tiraram selfies no aplicativo da companhia e depois, já no porto, uma base de dados com inteligência artificial fazia o reconhecimento dos rostos. Depois de uma rápida dupla checagem, os passageiros eram encaminhados a suas cabines.
Privacidade no uso do reconhecimento facial
Ainda que a novidade esteja se difundido em diferentes países, há uma grande preocupação com o uso da tecnologia de reconhecimento facial. O maior receio é em relação à privacidade, à medida em que o anonimato das pessoas desaparece.
Outra preocupação é em relação aos vieses da inteligência artificial.
Se você treina um sistema usando, majoritariamente, imagens de pessoas brancas – uma prática bem comum –, o sistema pode ter dificuldade para identificar pessoas negras.
“Não há uma boa maneira de saber se o seu conjunto de dados é tendencioso até você perceber que ele falha. E quando um algoritmo tendencioso causa estragos no mundo real, é tarde demais.”
Nick Merrill, consultor de segurança da Broad Daylight
Proibição nos EUA
O conselho da cidade de Somerville, em Massachusetts, nos Estados Unidos, proibiu, recentemente, o uso da tecnologia de reconhecimento facial em investigações policiais e programas municipais de vigilância. Em uma votação por 11 a 0, o conselho mandou a medida para o prefeito, que apoiou a decisão.
Somerville é uma das primeiras comunidades a proibir o uso do reconhecimento facial, ao lado de São Francisco, na Califórnia, onde uma medida similar foi aprovada. Também na Califórnia, Oakland e Berkeley estão avaliando banir o uso da tecnologia.
Para justificar sua decisão, o conselho de Somerville disse que a maioria dos cidadãos está preocupada com as consequências da tecnologia. “Muitas pessoas que moram aqui trabalham no setor de tecnologia e têm mais familiaridade com o tema do que o público em geral”, disse um dos membros do conselho. “Eles sabem o quão poderosa é essa tecnologia e o quão desregulado está seu uso.”
Os algoritmos de reconhecimento facial podem, por exemplo, ajudar as autoridades policiais nas investigações, permitindo que digitalizem grandes quantidades de imagens na tentativa de encontrar uma pessoa procurada. O FBI anunciou que processou cerca de 50 mil buscas de reconhecimento facial no ano fiscal mais recente.
Os críticos ao uso da tecnologia temem que, sem uma supervisão cuidadosa, o reconhecimento facial pode levar a uma expansão maciça de rastreamento e vigilância, e alguns temem que isso também possa exacerbar as desigualdades raciais.
O uso do software de reconhecimento facial pelo governo chinês para rastrear minorias étnicas levantou preocupações sobre direitos humanos.
Fonte: Whow.com.br