A relativa estabilidade do dólar em 2017 fez o Banco Central (BC) voltar a ter lucro após ter fechado o ano passado com o primeiro prejuízo desde 2008, quando a instituição adotou o atual sistema de divulgação de resultados. Nos seis primeiros meses de 2017, a instituição financeira teve ganhos operacionais de R$ 11,3 bilhões.
Se forem considerados o custo com a administração das reservas internacionais e as operações de swap cambial (venda de dólares no mercado futuro), o BC teve perda de R$ 15,7 bilhões. Desde 2008, esse resultado é registrado numa contabilidade separada.
Em 2016, BC registrou prejuízo recorde por causa da queda do dólar
Em relação ao lucro operacional de R$ 11,3 bilhões, o Banco Central explicou que a alta do dólar diminuiu o passivo (obrigações) do banco em moedas estrangeiras. Isso porque os ativos (que cobrem as obrigações) valorizaram-se ao fazer a conversão em reais.
Em relação ao resultado negativo de R$ 15,7 bilhões na conta cambial, a alta de 1,95% da moeda norte-americana no primeiro semestre aumentou, em reais, o valor das reservas internacionais, mas esse efeito foi compensado pelo aumento do custo de captação dos ativos estrangeiros. O BC perdeu R$ 19,1 bilhões com a valorização das reservas externas.
O ganho no valor das reservas internacionais foi parcialmente compensado pelo ganho de R$ 3,4 bilhões com as operações de swap. Isso ocorreu porque a estabilidade do dólar fez o BC ter um pequeno ganho com as vendas de dólares no mercado futuro.
O dólar subiu de R$ 3,25 no fim de dezembro do ano passado para R$ 3,312 no fim de junho deste ano. Em 2016, quando a divisa tinha iniciado o ano em R$ 4,03 e caiu 17%, o Banco Central tinha tido prejuízos recordes nas duas contas: perdas operacionais de R$ 9,5 bilhões e de R$ 240,3 bilhões na conta cambial .
Tesouro
O Banco Central repassará o ganho operacional de R$ 11,3 bilhões ao Tesouro Nacional em até 10 dias úteis. A perda de R$ 15,7 bilhões nas operações cambiais será coberta por meio de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional até o décimo dia útil de 2018, como estabelece a Lei de Responsabilidade Fiscal.
As duas operações entre o Banco Central e o Tesouro não têm impacto no déficit primário (resultado negativo nas contas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública) nem afetam as verbas disponíveis no Orçamento.