Mecanização, uso da energia elétrica, produção em massa, aplicações tecnocientíficas e robóticas como computadores, softwares, chips e sistemas eletrônicos. Esses termos comuns e intrínsecos hoje à sociedade e à economia são adventos do desenvolvimento e domínio de novas práticas, tecnologias e instrumentos de produção realizados durante as três Revoluções Industriais.
Na contemporaneidade, com o surgimento e consolidação de tecnologias disruptivas e de ponta como a inteligência artificial, a manufatura dá um passo rumo ao futuro e instaura a Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0. Este é o novo caminho e, como nas ondas anteriores, quem não acompanha cai no esquecimento. Desta vez não será diferente.
Apresentado a partir de um projeto para o governo alemão em 2011 durante a maior feira de automação industrial do mundo, a Hannover Messe International (HMI), o conceito de Indústria 4.0 foi desenvolvido por um grupo liderado por Sigfried Dais, da Bosch, e Henning Kagermann, da Acatech (Academia Alemã de Ciência e Engenharia), e tem como objetivo a integração dos processos da indústria, criando fábricas inteligentes e compatíveis com as demandas da atualidade.
A Indústria 4.0 se dá, de modo simplificado, por meio da aplicação de tecnologias como Internet das Coisas (IoT) – uma rede de conexão entre objetos físicos e dispositivos eletrônicos como sensores – e análise e gerenciamento de dados. Com uma rede de manufatura totalmente integrada, é possível operar em tempo real, de forma virtual e descentralizada, com as máquinas da linha recebendo comandos e fornecendo informações para a otimização da produção.
É necessário mudar, manter-se atualizado para prosperar. Apenas os negócios que se transformam digitalmente sobreviverão à economia do futuro. Como afirmaram os executivos Cornelius Baur e Dominik Wee, da consultoria empresarial americana McKinsey & Company, “a Indústria 4.0 é mais do que apenas um slogan chamativo. É uma confluência de tendências e tecnologias que promete reformular o modo como as coisas são feitas”.
A inovação da indústria aumenta a produtividade, a competividade e o valor agregado das mercadorias. No formato 4.0, são beneficiados tanto os consumidores quanto os produtores. Um exemplo disso é o da parceria entre a SAP e a Harley-Davidson. Por meio da sensorização dos mais de três mil componentes de uma motocicleta, é possível personalizar e customizar um modelo da marca em cerca de seis horas via website, processo que chegava a levar cerca de 21 dias e tinha que ser realizado em lojas e revendedoras.
O futuro é animador para o Brasil, apesar de termos um longo caminho. Em um estudo brasileiro recente, no qual foram entrevistadas 227 empresas, 90% delas concordam que a Indústria 4.0 é uma oportunidade, e não um risco. A pesquisa também demonstrou que 30% das empresas deram início ao seu processo de transformação e que 25% estão planejando os passos de sua inovação. A manufatura digital exige colaboração e integração, sendo o melhor caminho a escolha de uma empresa de tecnologia como parceira na transformação digital.
As empresas do setor de software corporativo, como a SAP Brasil, iniciaram em março a Aliança Brasil 4.0, iniciativa da Câmara de Comércio Internacional do Brasil (ICC Brasil), um compromisso público de empresas com o desenvolvimento e a democratização da Indústria 4.0 no País. Este foi mais um movimento para a disseminação e conscientização do poder da Quarta Revolução Industrial.
A inovação beneficia a cadeia de produção e o país como um todo, com resultados impactantes como o aumento do PIB – a correlação entre investimento em inovação e acréscimos no PIB é comprovada por diversas pesquisas – e a criação de 30 no0vas profissões, conforme estudo do SENAI divulgado em julho. Otimista com o futuro, convido todos a fazer o mundo funcionar melhor. Praticar negócios mais inteligentes melhora a vida das pessoas.
Artigo: Cristina Palmaka / presidente da SAP Brasil
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