Home / Notícias / Crise turca mexe com mercados e faz dólar explodir

Crise turca mexe com mercados e faz dólar explodir

 

A grave crise econômica da Turquia parece ter respingos chegando à cotação do dólar no Brasil. Em um efeito dominó até esperado pelo mercado financeiro, a desvalorização da Lira turca mexeu com o humor de investidores nas principais bolsas de valores do planeta, fez a cotação do dólar explodir no Brasil e ameaça fortemente estruturas econômicas que já se mostravam fragilizadas pela dependência de investimentos estrangeiros, como os emergentes Rússia, Índia, África do Sul e Argentina.

A moeda norte-americana fechou o dia com alta de 0,82%, sendo cotada a R$ 3,8962. Na máxima do dia, chegou a R$ 3,9292. Já o dólar turismo foi vendido a R$ 4,06, sem o acréscimo do IOF.

A crise turca tem duas pontas distintas, uma econômica e outra política. Do lado financeiro, o mercado tem pressionado o Banco central do país a elevar a taxa de juros praticada, mas o governo reluta em usar os Juros como forma de contenção da crise. Na sexta-feira, o Presidente Recep Tayyip Erdogan, anunciou um novo plano de controle da inflação e disciplina fiscal, que pretende reduzir o déficit em conta corrente e promover reformas estruturais no país.
O problema é que a crise, que começou sendo monetária, agora ameaça se transformar em uma grave crise de liquidez. O receio, não só na Europa como especialmente nos Estados Unidos, é que o assunto vire uma bola de neve, com empresas quebrando e instituições bancárias falindo. Um cenário que pode contaminar outras economias que padecem de males semelhantes.
Já a crise política envolve uma relação cada vez mais delicada da Turquia com os Estados Unidos. Na última semana o Presidente Donald Trump deixou claro que iria dobrar as taxas de importação do aço e do alumínio vindos da Turquia. No meio de toda esta confusão que envolve bilhões de dólares,  está o Pastor americano Andrew Brunson, preso em sua própria casa na Turquia por crimes como terrorismo e espionagem.

Líder da pequena Igreja da Ressurreição de Izmir, Andrew Brunson, de 50 anos, viveu as últimas duas décadas na Turquia. Foi preso em 2016, na esteira da onda repressora que varreu o país após a tentativa de golpe contra o governo turco.

Ele engrossava a extensa lista de desafetos perseguidos pelo então premier e atual presidente: são juízes, jornalistas, acadêmicos e também cidadãos turcos que têm nacionalidade americana. Brunson é acusado de espionagem e de ligações com dois arqui-inimigos de Erdogan: o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, radicado nos EUA, a quem o presidente responsabiliza por orquestrar o golpe.

O caso do pastor desencadeou uma gigantesca animosidade entre os dois países, ainda que ambos sejam antigos aliados na OTAN. As taxações de produtos foram a ponta de um iceberg que é muito bem observado por países antagônicos aos Estados Unidos. E por isto mesmo o governo Trump começou a pedir a libertação do pastor, enquanto os turcos se lembraram do pregador Fethullah Gulen, exilado na América depois de uma tentativa de tomar o poder em 2016. Os turcos querem sua deportação em troca do Pastor Brunson. Neste último final de semana Erdogan, em artigo publicado no New York Times, ameaçou “buscar novos amigos” fora da OTAN, citando textualmente Irã, Síria e Rússia, países que definitivamente não são próximos dos Estados Unidos.

A conjugação destas duas temáticas (econômica e política), torna o tema perigoso para economias que dependem de dinheiro externo para continuarem “rodando”. O momento não é próprio para a Turquia, que convive com um gigantesco déficit em conta corrente ao mesmo tempo em que possui uma economia hiper-aquecida e com inflação alta. Nesta última semana o agravamento do assunto ultrapassou as fronteiras do país. O rand sul-africano e o rublo russo perderam mais de 8% em relação ao dólar, A mesma tendência foi seguida pelo peso argentino, que despencou quase 6%.
No caso do Brasil, pelo menos por enquanto as notícias são tranquilizadoras. O país trabalha com reservas cambiais próximas a US$ 380 bilhões. Além disso, a parcela em dólar da dívida é considerada baixa, próxima dos 3%, enquanto as trocas com outros países também são consideradas baixas pelo mercado.

Clique no link, fale conosco!

Veja Também

Open Finance entra na 4ª fase com 27 milhões de clientes e 40 milhões de consentimentos ativos

  De janeiro até o fim de setembro, número de clientes avançou 93% e o de ...

Deixe um comentário