As empresas e outras organizações perderam 2,1 milhões de profissionais assalariados em 2016, uma queda de 4% em relação ao ano anterior, e a segunda retração consecutiva da série iniciada em 2007.
Em 2015, a queda foi de 3,1%. Na contramão desse quadro, a população assalariada com diploma cresceu 1,6% em 2016, em um mercado de trabalho formal em que predominam trabalhadores sem nível superior (78,3% do total).
A queda na ocupação ocorreu principalmente nas atividades mais intensivas em mão de obra, como a construção, menos 512,6 mil pessoas, a indústria de transformação, menos 393,7 mil e o comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas, menos 273,4 mil. As informações são do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE), divulgado hoje pelo IBGE.
Mesmo em anos de crise, como 2015 e 2016, a participação de pessoas com nível superior ocupadas vem aumentando, apesar da queda no número de pessoal ocupado. De acordo com a analista da publicação Denise Guichard, a mão de obra com ensino superior é mais qualificada e, tradicionalmente, os empresários tendem a manter esse trabalhador: “o custo para substituir essa mão de obra é muito maior. Um profissional sem nível superior é mais fácil de ser reposto, por haver uma maior disponibilidade no mercado”.
Na comparação com 2015, Denise disse que “a crise foi generalizada em praticamente todos os setores, com redução do pessoal ocupado total, do pessoal ocupado assalariado, da massa salarial como um todo”. O salário médio mensal, que ficou em R$ 2.661,18, foi a única variável que aumentou, 0,7%, já descontada a inflação.
Além da queda no pessoal assalariado, a quantidade de sócios e proprietários também retraiu, ainda que menos, 1,3%. A analista do estudo explicou que as organizações enxugam o quadro de funcionários antes de fechar, e que “a diminuição do número de sócios e proprietários é reflexo da redução do número de empresas”.
O CEMPRE mostrou, também, que houve uma redução de 64,3 mil empresas em 2016, uma queda de 1,3% em relação ao ano anterior. As de maior porte, com 250 pessoas ou mais, foram as que mais reduziram em número de empresas, 5,4%, e no total de salários e outras remunerações, 3,9%, em termos reais.
Diferença salarial entre homens e mulheres reduz, mas ainda é de 22,2%
Em 2016, os homens ganharam salários 22,2% maiores que as mulheres: enquanto eles receberam, em média, R$ 2.895,56, elas ganharam R$ 2.368,98. De acordo com Denise, “a redução dessa diferença está mais relacionada ao fato de a taxa de crescimento salarial relativo dos homens ter sido menor que o das mulheres, principalmente nas empresas com mais de 250 pessoas”.