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Brasil apresenta desiquilíbrio nas vagas de Residência Médica

distribuição desigual dos médicos residentes também é verificada, assim como as instituições e os programas que oferecem vagas.

Esta distribuição irregular de médicos repete-se, também, entre os profissionais em atuação no país, gerando uma grande desigualdade na proporção de médicos por habitantes.

Veja o gráfico a seguir de residentes por 100 mil habitantes.

Regiões Sudeste e Sul concentram maioria das vagas de residência

A região Sudeste concentra 57,3% dos residentes – mais da metade de todo país.

Concentra, também, mais da metade dos programas aprovados ( 2.491) e 374 instituições.

Em resumo, o cenário das vagas de residência médica praticamente repete o quadro da distribuição de médicos já em atividade.

Depois da região Sudeste, vem a Região Sul, com 8.640 (16%), Nordeste ( 15,7%), Centro-Oeste (7,2%)  e Norte, com 1.933 residentes correspondendo a apenas 3,7%.

Na distribuição por estados, São Paulo tem a maioria das vagas de residência médica, ou seja 33,9% dos médicos residentes, seguido de Minas Gerais com 11,1% , e Rio de Janeiro, 10,7%, e Rio Grande do Sul com 7,3%.

Em resumo, 12 das 27 unidades da Federação têm menos de 1% dos médicos residentes. Nos estados do Norte do país, apenas o Pará fica acima com 1,5%.

Veja o mapa.

Relação densidade população x médicos residentes

Na relação densidade populacional X médicos residentes, o Sudeste tem, mais uma vez, a maior densidade, ou seja,  34,86  residentes por 100 mil habitantes. No Sul, 28,82 médicos residentes por 100 mil habitantes.

No Norte e Nordeste, são 10,81  e 14,83 , respectivamente. Estes números ficam bem abaixo da média nacional que é de 25,59 por 100 mil habitantes.

Naturalmente, isto reflete também em discrepâncias na relação de densidade. Ou seja, numa ponta estão Distrito Federal (56,28), São Paulo (39,71), Rio Grande do Sul (34,59) e Rio de Janeiro (32,28) e, na outra ponta, Maranhão 4,44 residentes por 100 mil habitantes e Amapá 7,57 residentes.

Quando se fala em distribuição dentro dos estados, a maioria dos residentes médicos, ou seja, 67,9% estão nas capitais. Além disso, a maioria, mais de 97,5%, está nas regiões metropolitanas.

Quais as especialidades médicas com maior número de residentes?

Bom, talvez este seja um dos pontos do cenários das vagas de residência médica que interessa mais a você, estudante de Medicina, que se prepara para os concursos de residência médica. Quais as especialidades médicas com maior números de residentes.

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Dos 53.776 médicos residentes em formação em 2019, 23.134 deles, ou seja, 43%, cursavam programas em quatro especialidades. E são elas:

  •  Clínica Médica …………………….. ..8.233 residentes
  •  Pediatria……………………………….. 5.156 residentes
  •  Cirurgia Geral (incluindo Pré-Requisito em Área Cirúrgica Básica)………………………………………5.136 residentes
  • Ginecologia e Obstetrícia…………..4.609 residentes

Já os programas com menor número de residente são:

  • Angiologia……………………………….4 residentes
  • Medicina de Tráfego……………………6 residentes
  • Homeopatia……………………………..9 residentes
  • Nutrologia………………………………16 residentes
  •  Acupuntura…………………………… 24 residentes

É importante ressaltar que a grande concentração de residentes nos programas de Clínica Médica e Cirurgia Geral ocorre também pelo fato de serem pré-requisitos para outros programas de Residência médica.

Confira as especialidades com os números de residentes

A distribuição entre os programas guarda relação com a distribuição de médicos especialistas já titulados e em atividade: as cinco especialidades com maior número de médicos residentes são as mesmas com maior número de especialistas titulados.

Evolução do número de médicos residentes

O estudo Demografia Médica Brasileira trouxe também, além das vagas de residência, a evolução do número de residentes, em cada especialidade cursada, de 2010 e 2019.

Em 2019, 17.350 médicos iniciaram a RM (R1). Em 2010, esse número era de 9.563 , ou seja, um aumento de 81% no período, com crescimento médio anual de 865 vagas ocupadas – ou de 865 médicos residentes a mais a cada ano.

Embora tenha ocorrido essa expansão, as vagas de R1 ocupadas a cada ano ainda representam um número menor do que o de médicos graduados no ano anterior.

Em 2019, foram registrados nos CRMs 21.941 novos médicos (Figura 47) e foram ofertadas 17.350 vagas de R1, equivalente a 79% dos registros do ano anterior.

Além disso, segundo o estudo, as vagas de residência médica são disputadas não só por recém-formados, mas também por médicos formados em anos anteriores.

A “universalização” da Residência Médica, que consistiria na oferta anual de vagas e bolsas equivalentes ao número de egressos dos cursos de graduação em Medicina do ano anterior, é tema de intenso debate no Brasil.

Veja o quadro comparativo.

Essa análise temporal pode ser um termômetro da evolução da capacidade de formação médica especializada no país, ou seja, uma ferramenta útil para o planejamento e projeção do número de especialistas com os quais o sistema de saúde poderá contar futuramente.

Crescimento global de vagas de residência é de 81%

Em dez anos de Residência Médica a especialidade que mais que mais expandiu o número de médicos residentes foi a Medicina de Família e Comunidade.

A especialidade foi de 181 vagas de R1, em 2010, para 1.031 vagas de R1, em 2019, um aumento de 469,6%.

Essa especialidade, que representou 5,3% de todos os residentes cursando R1 em 2019, cresceu quase cinco vezes mais que a taxa de crescimento global de 81,4% das vagas de R1 no período analisado.

As especialidades de Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia e Pediatria apresentam crescimentos próximos à média total (82%, 80,3% e 65,7%, respectivamente). Juntamente ao programa Cirurgia Geral, representam mais de 40% dos R1 em 2019.

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Outras 22 especialidades apresentam taxas de crescimento acima da média global. As especialidades de Geriatria, Cirurgia de Mão, Cirurgia Pediátrica, Pneumologia, Medicina Intensiva, Medicina de Emergência e Cardiologia dobraram o número de residentes no período estudado.

Já as especialidades de Nutrologia, Alergia e Imunologia, Genética Médica e Homeopatia, embora tenham apresentado taxa de crescimento elevada, estão entre os programas com menor número de residentes em 2019.

Os programas de Endoscopia e Cirurgia Vascular, presentes entre as maiores taxas de crescimento (400% e 247,6%, respectivamente), também registraram número reduzido de médicos residentes.

Por outro lado e no outro extremo, Acupuntura, Patologia Clínica e Medicina Laboratorial e Medicina do Tráfego apresentam declínio ou estagnação do número de novos residentes ao longo do período estudado.

É importante ressaltar que, apesar de aparecer com taxa de crescimento negativa ( -49,5%) a especialidade de Cirurgia Geral não registrou diminuição de vagas de R1.

Portanto, trata-se de uma readequação da área, após a criação do programa pré-requisito em área cirúrgica básica em 2019.

Análise da demografia mostra ociosidade de vagas

O estudo da demografia médica mostra, ainda, que o número de vagas ocupadas no período fica abaixo do número de vagas de residência médica autorizadas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

Tomando como referência o primeiro ano (R1), mais de 1/4 das vagas de residência autorizadas autorizadas pelo MEC não foram ofertadas ou preenchidas em 2019.

Trata-se, portanto, de uma diferença importante entre a capacidade pretendida ou potencial, e a real oferta, implementação ou aproveitamento das vagas pelas instituições e programas de residência.

Com isso, o Brasil deixou de formar, em cinco anos, quase 36 mil médicos especialistas, considerando as vagas autorizadas mas não ocupadas.

Além disso, mesmo entre as vagas inicialmente ocupadas, há desistências, afastamento ou licenças. Dentre os 17.350 médicos que ingressaram em R1 em 2019, 1.160 não continuaram cursando.

Veja a tabela:

Quais os motivos de vagas de residência médica ociosas?

autorização, oferta e ocupação de novas vagas de residência médica são processos influenciados por regulamentação, financiamento de bolsas, políticas de incentivo, capacidade das instituições e programas credenciadosdisponibilidade de médicos preceptores, dentre outros fatores.

Veja os motivos elevados para a ociosidade em alto percentual:

  •  O número de vagas autorizadas é dinâmico, conforme as chamadas públicas e as solicitações de reconhecimento ou renovação formalizadas pelas instituições de ensino e aceitas pela CNRM.
  • Parte das vagas de residência médica deixa de ser preenchida mesmo com candidatos selecionados e aptos para ocupá-las. São vagas ociosas devido às desistências de médicos residentes de 1º ano, que deixam de se apresentar ao programa ou de justificar ausência.
  •  Menor demanda em relação à oferta ampliada em determinadas especialidades, ou seja, mais vagas do que candidatos. Isso pode justificar, por exemplo, vagas não ocupadas nos programas de residência  em Medicina de Família e Comunidade, que tiveram expressivo aumento da oferta nos últimos anos.
  • Programas recém-credenciados, ainda sem tradição na formação de RM, costumam ter menor procura de candidatos, restando vagas sem preenchimento.
  • Dificuldades ou atrasos de financiamento de bolsas para a totalidade de vagas autorizadas.
  •  A inexistência ou insuficiência de preceptores e inadequações do campo de prática podem levar ao cancelamento ou diminuição de vagas já autorizadas.
  • Há casos de mudanças de planos de coordenadores de programas e gestores de serviços e secretarias de saúde, entre o momento da definição da quantidade de vagas e a oferta concreta.
  •  A ociosidade de vagas pode estar, em parte, superestimada em função de possíveis falhas no registro de médicos que já concluíram residência médica. As Comissões Estaduais de Residência Médica (Coremes) podem demorar a registar no sistema da CNRM (SisCNRM) a saída do médico.

Segundo avaliação do Estudo de Demografia Médica do Brasil, em momento de expansão da oferta de cursos e vagas de graduação, a formação de médicos especialistas deve ser fortalecida em quantidade e qualidade.

Os possíveis e múltiplos fatores elencados devem ser melhor estudados e compreendidos. Portanto, é preciso superar os vários obstáculos que impedem o pleno preenchimento de vagas de Residência Médica previamente autorizadas.

Referência: Demografia Médica no Brasil 2020

 

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