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Será que o fim do dinheiro físico está próximo?


Será mesmo? Alguns especialistas vêm prevendo uma sociedade sem dinheiro físico há mais de 50 anos. Mais recentemente, a pandemia do novo coronavírus intensificou essas previsões.

Estamos mesmo às beiras de um mundo de dinheiro totalmente digital? O que isso significaria na prática?

Alguns estados já liberaram o uso do Pix para pagar conta de luz; veja quais.

É possível um Brasil só com dinheiro digital?

Pra começar: o que é fim do dinheiro físico? Quem fala em sociedades sem dinheiro físico costuma se referir ao desaparecimento das cédulas e moedas. Um mundo sem elas seria aquele em que todas as transações seriam feitas por algum meio digital – mesmo que exista um intermediário físico, como o cartão de crédito, por exemplo.

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E nós estamos caminhando em direção a esse mundo? A resposta curta é sim, estamos caminhando nessa direção. Entre cartões, pagamentos instantâneos, transferências entre contas, QR Code, existem hoje dezenas de formas de fazer transações financeiras sem nunca tocar em papel-moeda. Mas será que é tão simples assim prever a extinção do dinheiro físico?

Um em cada quatro brasileiros não tem acesso à internet. Isso significa cerca de 46 milhões de pessoas offline. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC), divulgada em abril de 2020. Em áreas rurais, o índice de brasileiros sem rede chega a 53,5%.

Para boa parte dessas pessoas, meios físicos de pagamento não são só uma opção. São uma necessidade. Mesmo que você não necessariamente precise de internet para ter um cartão, é fato que há lugares no Brasil (e no mundo) em que pagamento digital está muito longe de ser uma realidade.

Isso não significa que os meios digitais não estejam avançando. Muito pelo contrário. A pandemia agilizou o processo de digitalização de pagamentos em três anos, segundo dados do Data Nubank. Com a necessidade do distanciamento social, as pessoas aumentaram o uso de meios digitais para fazer transações – as compras online no cartão Nubank, por exemplo, chegaram a 45% em abril de 2020, um patamar que só era esperado para 2023.

A chegada do Pix. O novo meio de pagamentos instantâneos do Banco Central também vem se disseminando com rapidez. Segundo o BC, mais de 140 milhões de transações foram feitas desde dezembro.

Do outro lado da balança… Parece contraditório, mas, ainda que os pagamentos digitais venham aumentando, a demanda por papel-moeda também cresceu em meio à pandemia. Em julho, o Banco Central comunicou a criação da nota de R$ 200 e citou como uma das justificativas o fato de que o Brasil estava passando por um processo de entesouramento: em outras palavras, pessoas acumulando dinheiro físico em casa.

Como assim? Todo ano, o BC faz uma estimativa de quanto dinheiro físico precisa estar disponível à população. A expectativa para 2020 era que o pico de dinheiro em circulação fosse de R$ 301 bilhões em dezembro. Só que já em abril, o pico foi de R$ 342 bilhões. A explicação do Banco Central foi de que, em momentos de incerteza, as pessoas ainda se voltam para as reservas de dinheiro, que conhecem melhor.

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Ou seja: dinheiro físico ainda importa muito. Em 2019, ele era o principal meio de pagamento para 71% dos brasileiros, segundo o Instituto Locomotiva – no caso de pessoas das classes D e E, essa estatística pula para 89%.

Mas o Brasil e o mundo caminham, sim, nessa direção. Ao se referir a uma sociedade sem dinheiro físico na década de 1950, os estudiosos falavam que todas as transações seriam feitas com um cartão de plástico. Bom, até o fim de 2018, o Brasil tinha quase 99 milhões de cartões de crédito e mais de 115 milhões de cartões de débito ativos, segundo o BC. Conforme o mundo avança, nossas definições de novas tecnologias também mudam.

O dinheiro físico tem os dias contados? É pouco provável – pelo menos em um futuro previsível. Segundo um artigo da professora de Harvard Shelle Santana, estamos caminhando para um mundo com cada vez menos dinheiro físico. Mas não com ele totalmente eliminado.

Acelerar a digitalização dos meios de pagamento tem várias vantagens, como a diminuição de custos de produção, a praticidade e a documentação das transações. Mas garantir que uma parcela da sociedade não seja excluída do mundo financeiro é essencial.

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