A situação da saúde pública em Armação dos Búzios, especialmente no que diz respeito ao atendimento de emergência para quem depende do SUS, continua alarmante. Em recente reportagem publicada pelo Portal Economia & Negócios, destacamos os índices crescentes de acidentes com motocicletas na cidade — um problema grave que ainda não recebeu ações concretas e constantes por parte das autoridades locais.
Infelizmente, mais uma vítima soma-se a essa triste realidade: a comerciante Lúcia, de 79 anos, foi atropelada na avenida principal do Cruzeiro da Rasa e está hospitalizada há dias com uma grave fratura na tíbia. Segundo familiares e relatos de moradores, ela aguarda, uma cirurgia urgente que não foi realizada até o momento.
O caso revela o total despreparo e a precariedade do Hospital Municipal Rodolpho Perissé para cirurgias deste tipo, que não dispõe da estrutura necessária para realizar uma cirurgia ortopédica básica. Enquanto isso, a idosa, que dedicou a vida ao trabalho e que sempre contribuiu com o sistema público de saúde, enfrenta dor, sofrimento e o abandono por parte do poder público.
A situação do atendimento emergencial e cirúrgico em Armação dos Búzios atinge níveis inaceitáveis, especialmente para pacientes que precisam de cirurgias ortopédicas. Sem estrutura adequada no Hospital Municipal Rodolpho Perissé, os cidadãos ficam à mercê da sorte, aguardando transferências via SUS para hospitais em Araruama ou para o INTO (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), no Rio de Janeiro.

Essa espera, que deveria durar horas ou, no máximo, poucos dias, transforma-se em semanas, meses e até mais de um ano, como em casos já registrados. Enquanto isso, pacientes permanecem internados, expostos a riscos graves de infecções hospitalares, dores constantes e a possibilidade real de desenvolver sequelas permanentes — ou até mesmo perder a vida.
Trata-se de um verdadeiro “jogo de empurra” entre municípios e o sistema de regulação estadual, onde quem paga a conta é sempre o paciente.
É inaceitável que uma cidade que se promove internacionalmente como destino turístico de excelência, receba visitantes de todo o mundo, mas não ofereça condições mínimas de socorro a alguém que, por exemplo, quebre uma perna. Qual é a qualidade de vida real que estamos oferecendo, se nem os próprios moradores têm acesso a um hospital com condições de prestar atendimento de casos como este?
A sensação é que a prioridade é manter ambulâncias para transferências, como se o transporte fosse mais importante que a resolução dos casos no local.
Búzios precisa urgentemente rever sua estrutura hospitalar e oferecer dignidade aos seus cidadãos e visitantes. Saúde pública não é luxo — é um direito básico, pago pela população e caro.