quinta-feira, maio 15

Por Redação – Portal Economia & Negócios

O Brasil enfrenta uma epidemia silenciosa nas ruas e estradas: os acidentes com motocicletas. Dados recentes do Ministério da Saúde e do Observatório Nacional de Segurança Viária apontam que, a cada hora, cinco motociclistas morrem em acidentes de trânsito no país. Nos últimos anos, esse cenário se agravou, especialmente nas cidades de médio e pequeno porte, onde a fiscalização de trânsito é falha ou praticamente inexistente.

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Crescimento do número de motos e precarização das condições de trânsito

O aumento no uso de motocicletas, impulsionado pela explosão dos serviços de delivery e transporte por aplicativo, é um fator central para entender o problema. Em muitos municípios, o número de motos em circulação já ultrapassa o de carros. Entretanto, esse crescimento não foi acompanhado por uma adaptação adequada da infraestrutura viária nem por políticas públicas eficientes de educação e fiscalização no trânsito.

Além disso, há um número expressivo de condutores sem habilitação, veículos sem manutenção e falta de uso de equipamentos de segurança como capacetes e jaquetas apropriadas. Esses fatores, combinados com a alta velocidade e a imprudência, têm sido responsáveis por um volume crescente de internações hospitalares e mortes.

Fiscalização: o elo fraco na gestão de trânsito municipal

A fiscalização de trânsito, que deveria ser uma barreira contra esse tipo de comportamento, tem se mostrado ineficaz. Em muitos municípios, a guarda municipal não possui estrutura ou preparo técnico para lidar com o volume de infrações. A ausência de blitze rotineiras, radares e campanhas educativas reduz o sentimento de punição e contribui para a banalização das regras de trânsito.

Especialistas em mobilidade urbana alertam que a municipalização do trânsito, prevista no Código de Trânsito Brasileiro, só funciona quando acompanhada de investimentos em estrutura, tecnologia e capacitação de agentes. O que se vê, no entanto, é o abandono da gestão do trânsito por parte de prefeituras que enfrentam limitações orçamentárias ou que simplesmente negligenciam o tema.

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Consequências econômicas e sociais

As consequências vão além da tragédia humana. Os acidentes de moto geram um alto custo ao sistema público de saúde. Segundo estudo do Ipea, um único acidentado com lesões graves pode custar mais de R$ 100 mil aos cofres públicos, considerando internações, cirurgias, reabilitação e licenças trabalhistas.

Além disso, o impacto social é devastador: a maioria das vítimas está em idade economicamente ativa, entre 18 e 35 anos, o que gera perda de produtividade, aumento do desemprego por invalidez e sofrimento às famílias.

Soluções possíveis e urgentes

Para reverter esse quadro, especialistas defendem a retomada de campanhas educativas permanentes, investimentos em sinalização e infraestrutura urbana, criação de centros de formação de condutores mais rigorosos e, principalmente, fiscalização contínua e eficiente.

Outro ponto-chave seria o fortalecimento dos Detrans regionais e a articulação com as secretarias municipais para criação de planos locais de segurança viária, alinhados ao Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS).

A urgência é clara. Enquanto as cidades se omitem e a fiscalização falha, milhares de famílias continuam sendo devastadas por tragédias que poderiam ser evitadas. O combate à violência no trânsito começa com responsabilidade política, fiscalização presente e consciência coletiva.

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O estado do Rio de Janeiro enfrenta uma escalada preocupante nos acidentes envolvendo motocicletas, refletindo falhas na fiscalização e na gestão do trânsito em diversos municípios. Além das perdas humanas, os impactos econômicos e sociais são significativos, sobrecarregando o sistema de saúde e afetando a produtividade.

Município onde os acidentes são gritantes

Cabo Frio: Aumento de Fatalidades em 2025

Em Cabo Frio, a situação é alarmante. Entre janeiro e março de 2025, foram registradas 18 mortes em acidentes de moto, o dobro do total de 2024, que contabilizou 9 óbitos. A cidade tem enfrentado uma série de colisões graves, como a ocorrida recentemente na Curva da Praia das Dunas, resultando em uma vítima fatal e outra em estado grave.

Búzios: acidentes diários e clamor por ações efetivas

Em Armação dos Búzios, os acidentes de moto tornaram-se rotina. Segundo relatos locais, “todos os dias temos acidente de moto em Búzios, os dados são alarmantes”. A falta de fiscalização e infraestrutura adequada contribui para a frequência desses incidentes.

Campos dos Goytacazes: imprudência e falta de fiscalização

Em Campos dos Goytacazes, a imprudência no trânsito é evidente. Levantamento do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) revelou que, em média, 14,8% dos motociclistas avançam o sinal vermelho, com alguns cruzamentos registrando índices de até 40%. Essa conduta tem resultado em um número elevado de acidentes com vítimas, sobrecarregando o Hospital Ferreira Machado.

Niterói: motos envolvidas em 70% dos acidentes de trânsito

Niterói também enfrenta um aumento significativo nos acidentes envolvendo motocicletas. Em 2023, dos 2.800 chamados para acidentes de trânsito, 1.967 envolveram motos, representando 70% do total. No primeiro trimestre de 2024, houve um aumento de 30% nos acidentes com motos em comparação ao mesmo período do ano anterior.

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Rio de Janeiro: três em cada quatro acidentes envolvem motos

Na capital fluminense, a situação é igualmente preocupante. Dados do Corpo de Bombeiros indicam que, em 2024, 77% dos acidentes de trânsito atendidos pela corporação envolveram motocicletas, totalizando 20.877 ocorrências. Além disso, o Hospital Municipal Miguel Couto registrou um aumento de quase 50% nos atendimentos a vítimas de colisões com moto, passando de uma média mensal de 165 em 2023 para 250 em 2024.

Impactos econômicos e sociais

Os acidentes com motociclistas têm gerado custos elevados para o sistema público de saúde. Em 2024, o Brasil gastou R$ 233 milhões com internações de vítimas de acidentes de moto, segundo estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). Além dos custos diretos, há perdas significativas de produtividade,

A crescente incidência de acidentes com motocicletas no estado do Rio de Janeiro evidencia a necessidade urgente de medidas eficazes de fiscalização, educação no trânsito e melhoria da infraestrutura viária. Sem ações concretas, os municípios continuarão a enfrentar não apenas tragédias humanas, mas também impactos econômicos e sociais de grande magnitude.

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