O Banco Central (BC) reduziu a estimativa para o crescimento do saldo das operações de crédito de 6,5%, previsto em junho, para 5,7%, de acordo com o Relatório de Inflação, divulgado hoje (26).
Segundo o relatório, essa redução é resultado da menor expectativa para o crédito a pessoas jurídicas (de crescimento de 2,5% para retração de 0,9%), parcialmente compensada pelo aumento na expansão esperada para pessoas físicas (de 9,7% para 11%).
A redução na estimativa de crédito a pessoas jurídicas “foi majoritariamente determinada pela queda no segmento de recursos direcionados” (queda de 7% para 12%). “Essa alteração é consistente com a continuidade da perda de participação dos bancos públicos, sobretudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no financiamento às empresas. O segmento de recursos livres às empresas também apresentou dinâmica mais contida, com a substituição de crédito bancário por dívida fora do Sistema Financeiro Nacional (SFN), por parte de grandes empresas, em ritmo superior ao esperado anteriormente, o que justificou a revisão no crescimento projetado para 2019 (de 10% para 8%)”, diz o BC.
Para o BC, os empréstimos para pessoas físicas financiados com recursos livres das instituições financeiras têm sido o principal vetor de crescimento do crédito no país. “A dinâmica observada nesse segmento justifica o aumento da projeção de crescimento em 2019, de 13% para 15,5%”, destaca o relatório. Em relação ao saldo financiado com recursos direcionados para pessoas físicas, manteve-se a projeção publicada no Relatório anterior para 2019 (6%), ‘ada a evolução dessa carteira até o momento (5,5% nos 12 meses encerrados em agosto de 2019) e a perspectiva de ligeira aceleração das concessões neste segmento durante o segundo semestre de 2019”.
Estimativas para 2020
Para 2020, a projeção de crescimento do estoque do crédito é de 8,1%, “desempenho novamente liderado pelo crédito às pessoas físicas (11,2%), mas que incorpora relativa melhora do crédito às empresas (3,8%)”.
“Para as famílias, levando-se em conta a elevação recente do endividamento e do comprometimento de renda com serviços financeiros, além da elevada base de comparação, espera-se expansão de 13% no segmento de recursos livres, o que representaria ligeiro arrefecimento ante o resultado projetado para 2019”, afirma o BC. As operações com recursos direcionados devem registrar crescimento de 9%, “influenciadas, principalmente, por melhores perspectivas de vendas de imóveis residenciais”.
“O desempenho do saldo das pessoas jurídicas deve seguir limitado pelo segmento de recursos direcionados (projeção de queda de 5%), em linha com continuidade da diminuição de participação de bancos públicos”, diz o BC. Por outro lado, o segmento de recursos livres deve registrar expansão de 9,5%.
Contas externas
No Relatório de Inflação, o BC também apresentou projeções para as contas externas. A projeção para o deficit em transações correntes, compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com outros países, em 2019 foi elevada de US$19,3 bilhões (1% do Produto Interno Bruno – PIB), no Relatório de Inflação de Junho, para US$ 36,3 bilhões (2% do PIB). Para 2020, a estimativa é US$ 38,9 bilhões.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o Investimento Direto no País (IDP), porque os recursos são aplicados no setor produtivo.
A projeção para os ingressos líquidos de IDP caiu de US$ 90 bilhões, previstos em junho, para US$ 75 bilhões (4,1% do PIB). “Mesmo com o recuo, o valor estimado para o IDP no ano segue em patamar significativamente superior ao deficit previsto para transações correntes”, destacou o BC. Para 2020, a estimativa é US$ 80 bilhões.