O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, defendeu na manhã da última terça-feira o fim do regime de partilha que é obrigatório para a exploração e produção de petróleo nos campos do pré-sal. De acordo com Castello Branco, o regime não estimula a busca da eficiência.
Segundo o executivo, que participou de evento no Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), deveria se eliminar o chamado polígono do pré-sal – área definida pelo governo que engloba os campos no pré-sal entre as bacias de Santos e Campos -, e deixar o governo decidir em que áreas aplicar o regime de concessão ou de partilha.
– Definitivamente, nós temos ou mudar a lei do pré-sal, acabar com a partilha, ou então, num movimento mais moderado acabar com o polígono do pré-sal e deixar para a autoridade escolher entre o regime de concessão ou o de partilha. O regime de partilha, assim como o conteúdo local, retira o estímulo para eficiência, quem decide o que é melhor para a empresa não é a sua administração e, sim, as normas estabelecidas por burocratas. o regime de partilha não leva à eficiência – ressaltou Castello Branco.
O presidente da Petrobras fez também críticas à política de conteúdo local, pela qual as petroleiras em seus projetos são obrigados a diversos percentuais de contratação de materiais e equipamentos no Brasil. Segundo o executivo, a nova direção da Agência Nacional do petróleo (ANP) – “mais sensível” – melhorou as regras, que, contudo, ainda influenciam as empresas petroleiras em seus negócios.
Para Castello Branco, se a indústria nacional é competitiva, não necessita de proteção:
– Se a indústria local é boa, não precisa de nada, não precisa que se obrigue as empresas petroleiras a demandarem seus produtos. Se ela não é eficiente depois de 22 anos da Lei do Petróleo, é hora de acabar com isso, porque não adiantou nada. Se 22 anos não foi suficiente para as empresas aprenderem alguma coisa, a serem competitivas, quem não se preparou, paciência. Não pode a indústria do petróleo pagar por isso.
Castello Branco voltou a ressaltar que a companhia continua com sua busca permanente de redução de custos considerando que ainda tem uma elevada dívida de US$ 101 bilhões, pelo fato de a companhia, segundo ele, ter sido “assaltada por uma organização criminosa”, se referindo ao caso de corrupção que existiu na estatal revelado pela Operação Lava-Jato.
Nessa busca para redução de gastos, Castello Branco citou uma visita que fez ao prédio da Petrobras em Vitória, no Espírito Santo, na última segunda-feira. A Petrobras está, segundo ele, em um prédio luxuoso, moderno, mas que custa R$ 176 milhões anuais à companhia.
– É um prédio bonito, moderno, fiquei surpreso. Temos pessoal de primeira trabalhando lá, mas nos custa R$ 176 milhões por ano. O prédio está na região mais valorizada de Vitória, melhor tecnologia, vidros importados da Bélgica, tem vidro à vontade, e persianas que se fecham automaticamente. Mas isso pesa muito no custo da companhia. Nossa busca contínua é a redução de custos – ressaltou.