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Trabalhos temporários e parciais já são 15,5% dos postos gerados no País

Os contratos de trabalho intermitente e parcial (que não excede 30 horas semanais) já são responsáveis por gerar 15,5% dos postos com carteira assinada entre novembro de 2017 e abril de 2019.

É o que mostra um levantamento inédito do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), divulgado mês passado. O estudo traz ainda dados que reafirmam o quadro preocupante do mercado de trabalho do País.

Como, por exemplo, o fato de que a parcela das pessoas que estão desempregadas há mais de dois anos avançou de 17,4% no primeiro trimestre de 2015, para 24,8% no mesmo período de 2019, atingindo 3,3 milhões.

Sobre os novos contratos formais liberados pela reforma trabalhista – que entrou em vigor em novembro de 2017 –, o relatório do Ipea identifica um quadro semelhante ao que vem ocorrendo com os postos celetistas no geral: a maioria das vagas está sendo criada pelos setores de comércio e serviços.

No caso do trabalho intermitente, 49,2% dos postos geradas no período foram alocados no setor de serviços, especialmente nos segmentos de alimentação e transportes, enquanto 27,6% foram criadas no comércio.

Em relação aos contratos com jornada parcial, 56,8% dos postos estão no setor de serviços, principalmente nas áreas de educação e alimentação, e 29% no comércio.

A pesquisadora do Ipea, Maria Andreia Parente Lameiras, chama a atenção para o fato de que a maioria dos postos intermitentes (42,6%) e parciais (45%) está localizada nas micro e pequenas empresas com até 19 funcionários. “Aqui estamos falando, por exemplo, de pousadas e pequenos restaurantes que têm um movimento maior de sexta a domingo; do auxiliar de cozinha que tem mais oportunidade de trabalho aos finais de semana”, destaca Lameiras.

A maioria desses postos, tanto no intermitente (70,5%) como no parcial (63%), é ocupado por pessoas que estudaram até o Ensino Médio. Contudo, há uma parcela de 23,5% dos empregados nos trabalhos com menos de 30 horas semanais que possuem Ensino Superior. São, por exemplo, professores universitários e de cursos de línguas, além de profissionais da saúde, como enfermeiros, esclarece Lameiras.

Já as estatísticas por gênero mostram que, enquanto a maioria das vagas de trabalho intermitentes foi destinada aos homens (63,6%), as mulheres formam a maior parcela dos empregados com contratos parciais (60,7%), diz o Ipea.

Mais jovens

Na avaliação de Lameiras, um dos pontos que mais preocupa nos dados de mercado de trabalho é a dificuldade do jovem de encontrar o primeiro emprego. Apesar dos adultos com mais de 40 anos (27,3%) serem a maioria entre os desempregados há mais de dois anos, a proporção dos jovens cresce.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2015, os grupos que apresentaram maior incremento, no primeiro trimestre de 2019, nas suas populações desocupadas há mais de dois anos foram os homens, os mais jovens (18 a 24 anos) e os com ensino médio completo, cujas proporções saltaram de 11,3%, 15% e 18,5%, respectivamente, para 20,3%, 23,6% e 27,4%, no período em questão.

No caso dos trabalhadores mais jovens, esse resultado acaba por corroborar um cenário ainda mais adverso, que combina desemprego elevado (27,3%), baixo crescimento da ocupação (0,4%) e queda de rendimento real (-0,8%).

“Muitos desses jovens nem sequer já tiveram o primeiro emprego. São pessoas que não estão conseguindo adquirir experiência no mercado de trabalho”, ressalta Lameiras.

Apesar da expansão do desemprego prolongado entre os homens, as mulheres ainda respondem pela maioria (28,8%) das pessoas que buscam por uma ocupação há mais de dois anos. Essa proporção entre a população masculina, atualmente, está em 20,3%, informa o Ipea.

Fonte: Portal Contábil

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