Um dos maiores grupos de mídia do Brasil, o Grupo Abril entrou com um pedido oficial de recuperação judicial nesta última quarta-feira (15). O plano, que deve ser analisado por um Juiz nos próximos dias, será apresentado à massa de credores em até 60 dias, caso seja aprovado pela justiça. A expectativa é que com a uma decisão favorável sobre o plano de recuperação, a dívida do grupo, hoje em R$ 1,6 bilhão, seja “fechada”, passando a contar um prazo de até 180 dias de proteção a cobranças de credores.
Segundo comunicado publicado pela revista Exame, pertencente à Abril, a medida visa reequilibrar as contas da empresa, afetadas nos últimos anos pela ruptura tecnológica e pela crise econômica enfrentada pelo país.
A situação da Abril já havia sido motivo de matéria publicada por “Economia & Negócios” no último dia 6 de agosto (leia aqui). Na ocasião o grupo de mídia havia decidido demitir cerca de 800 funcionários, entre Jornalistas e pessoal administrativo, e fechar títulos de seu portfólio, como as revistas Mundo Estranho, Cosmopolitan e Elle.
Família Civita deixa o comando – O que se sabia até ontem, é que a Abril já desenvolvia um processo de reestruturação, até certo ponto doloroso, que incluía a saída do executivo Giancarlo Civita do comando do grupo e a chegada de um novo Presidente, Marcos Haaland, trazido pela empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal, que passou a ser responsável pelo projeto de reestruturação da marca e de seu portfólio.
Internamente Haaland já havia promovido mudanças expressivas, que chamaram a atenção do mercado. “Vamos sair da recuperação judicial, quanto antes, com a empresa novamente saneada e em condições de ter um longo futuro digital” afirmou o executivo ao site da revista Exame.
Na mesma entrevista, o novo Presidente da Abril citou números que mostram a real situação do grupo. Segundo Marcos Haaland, do total de investimentos em publicidade das grandes empresas em 2010, uma fatia de 8,4% era destinada a publicações impressas, especialmente revistas. Essa margem despencou para 3% no último ano. A circulação de revistas do grupo, em 7 anos, despencou de 440 milhões de exemplares por ano para pouco mais de 217 milhões.
O reflexo foi sentido duramente nas contas da Abril. A receita caiu de R$ 1,4 bilhão há cerca de 4 anos, para R$ 1 bilhão no último ano. Contabilmente o grupo registrou prejuízo de R$ 300 milhões em 2017.
Veja abaixo a íntegra do comunicado da Abril:
O Grupo Abril comunica que protocolou na data de hoje um pedido de recuperação judicial de suas empresas na vara de recuperação judicial e falências de São Paulo, conforme definido nos artigos 47 e 48 da Lei 11.101/2005. Esse pedido engloba todas as companhias operacionais do Grupo, incluindo a Abril Comunicações e as empresas de distribuição de publicações, agrupadas dentro da Dipar Participações, e de distribuição de encomendas Tex Courier. Esse movimento se deve à necessidade do grupo em buscar proteção judicial para a repactuação de seu passivo junto a bancos e fornecedores e, dessa forma, garantir sua continuidade operacional.
Celso Avila / Economia & Negócios