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Situação da 123Milhas cria instabilidade no mercado de milhas?

 A suspensão de pacotes e emissão de passagens aéreas da linha promocional da 123milhas que oferecia preços bem abaixo do mercado, faz lembrar o ditado popular “Nem tudo que reluz é ouro”, para quem acompanha de perto esse tipo de “agressividade nos preços baixos”, sabe que esse tipo de operação envolve riscos para a operadora e para os clientes, e demorou a ruir, mas acabou acontecendo, com o anúncio na última sexta-feira (18), onde a empresa informou que suspendeu pacotes e a emissão de passagens aéreas promocionais, que oferecia preços abaixo do mercado e não emitirá as passagens com embarque previsto de setembro a dezembro deste ano.

O que disse inicialmente a empresa

“Estamos devolvendo integralmente os valores pagos pelos clientes, em vouchers acrescidos de correção monetária de 150% do CDI, acima da inflação e dos juros de mercado, para compra de quaisquer passagens, hotéis e pacotes na 123Milhas”, informa a nota da empresa.

A situação traz sem dúvida grande preocupação para o mercado, já que muitos brasileiros se utilizam de milhas para programarem suas viagens, isso afeta diretamente o turismo, descredibiliza o sistema de milhas.

Vale ressaltar que o segmento de turismo como um todo sentiu os impactos da pandemia de covid-19. Empresas aéreas e de hospedagem até hoje tentam reverter os prejuízos do período de isolamento social.

O que diz a especialista

Em entrevista à CNN nesta terça-feira (29), a advogada especialista em direito do consumidor, Maria Inês Dólci, disse que os consumidores lesados pela 123milhas não devem esperar receber o dinheiro pago à empresa de volta.

“O consumidor não deve criar expectativas de que vai receber o dinheiro de volta ou ser colocado em outro voo. O que pode ser feito, neste momento, é reclamar nos órgãos de defesa do consumidor e aguardar”, disse.

“Mas, sendo mais otimista, caso o consumidor chegue a receber, ele pode ter um deságio, ou seja, pode não receber tudo o que pagou”, acrescentou a especialista.

Pedido de recuperação judicial

A 123milhas entrou com um pedido de recuperação judicial, nesta terça-feira, na justiça de Minas Gerais, com valor de causa estimado em R$ 2,30 bilhões.

“Em primeiro lugar, o pedido de recuperação judicial precisa ser aceito pela Justiça. Se for aceito, então os consumidores prejudicados devem ter mais dificuldades para conseguir o reembolso”, afirmou a advogada.

Caso o pedido da empresa seja deferido, todos os processos de credores movidos contra a companhia passam a seguir os trâmites de recuperação judicial.

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Maria Inês explica que, nesta hipótese, um plano de recuperação judicial estabelecerá as prioridades de pagamento.

“Como, por exemplo, crédito trabalhista, já que eles estão demitindo as pessoas; créditos com garantia real e também créditos quirografários, que é onde geralmente entram os consumidores, que podem demorar para receber”, disse.

Sem dúvida o mercado de milhas vai sofrer um freio de arrumação, naturalmente que haverá ampla discussão sobre como evitar que situações como esta não voltem a acontecer, para isso deverá haver uma regulação que crie normas mais rígidas para este mercado já muito utilizado pelos consumidores brasileiros.

 

 

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