“São seis da manhã, a família está de pé, hora do café! O filho de 14 anos está se preparando para ir à escola. Deixamos ele na escola e partimos para o nosso trabalho”
Essa é a rotina de quem tem filhos, acorda, espera o transporte, escola e casa novamente. Rotina que se repete durante mais de uma década de vida de um jovem cidadão. Rotina que gera uma pergunta: e depois? O que você vai ser quando crescer? Talvez esse seja o maior desafio imposto pela sociedade quando estamos nos tornando adultos e isso implica em ter uma profissão, tomar a decisão do caminho a se tomar. Não necessariamente esse caminho perpassa pela continuidade de estudos, muitas vezes a opção é encarar a realidade do trabalho de forma imediata e crescer, amadurecer e “tocar a vida”.
Essa opção é de uma grande maioria daqueles que terminam o ensino médio, um pouco menos que 20% ingressa no ensino superior, o restante faz cursos técnicos ou entra no mercado de trabalho da maneira que pode, é a lei da sobrevivência. Apesar de pouco, esse número representa uma quantidade bastante relevante de jovens que estão buscando a qualificação através do ensino superior. Mesmo assim, desses muitos estão em dúvida sobre o que fazer, confundem suas habilidades com suas vontades, confundem sucesso profissional com ganhos financeiros. É complexo mesmo, achar um equilíbrio entre ter uma renda versus exercer uma atividade que gosta. Gostar também não significar amar de paixão, gostar aqui está no contexto de perceber o equilíbrio, mais uma vez, entre a habilidade em fazer algo e a facilidade de entender sobre esse algo.
Vou dar um exemplo para ajudar: na década de 80 quando alguém dizia que gostava de matemática os pais logo pensavam: meu filho vai ser Engenheiro! Não havia um entendimento que quem gosta de matemática pode fazer Bacharelado em Matemática, pode fazer Economia, pode fazer Estatística, ou pode fazer Medicina e se especializar em uma área que envolve Modelos Matemáticos, como por exemplo, Epidemiologia. Inclusive uma área bastante em voga dado a situação de pandemia que vivemos. Ainda assim, o número de possibilidades é considerável, um erro de escolha, ou uma escolha que se mostra incompatível com o perfil do estudante não é algo incomum. Dentro da universidade há questões de mobilidade interna, onde o aluno pode entrar em um curso e por um processo interno mudar de curso, essa dinâmica faz parte da rotina da universidade e é muito saudável de um modo geral.
Mas retomando a pergunta: O que eu vou ser quando crescer? Então…, não existe uma resposta direta e objetiva que resolva a questão. Nessa fase da vida, quando somos jovens adultos aflora de forma muito agressiva o conceito de indivíduo e com isso, toda sua complexidade. A decisão de escolher, quando isso é possível, uma profissão que perdurará para a vida inteira é uma decisão difícil, mas ao mesmo tempo um privilégio para àqueles que podem seguir esse caminho. A consciência de termos a possibilidade de escolha nas encruzilhadas da vida só tem valor quando se é mais velho, a idade mostra que nem sempre temos opção, então ter opção é sempre bom.
Essa coluna visa debater de forma simples e clara as possibilidades que a vida acadêmica podem proporcionar, de cientista à médico, de engenheiro à filósofo temos aqui um leque consideravelmente grande de caminhos. A pergunta é: existe o caminho certo? A resposta é: vamos pensar sobre os caminhos, pois eles não são únicos e nem tampouco imutáveis. O bom da fase jovem de nossa vida é que apesar das nossas necessidades, as nossas responsabilidades residem na descoberta do EU e dos desejos que levam esse EU a decidir uma profissão. Espero que essa coluna ajude, de forma muito humilde, entender as possibilidades.
A cada semana falaremos de duas ou mais profissões no âmbito dos desafios de sua formação: Quanto tempo leva para eu me formar? Quais as dificuldades de um curso superior nessa área? Possibilidades de Universidades no país e fora do país? Enfim, falaremos de futuro dentro do aspecto do ensino superior e da formação que as universidades podem proporcionar para vocês, em uma linguagem simples e direta, para você, leitor, entender o que fazer nesse caminho. Um forte abraço a todos!