Diretor da General Chains, que fornece equipamentos para o setor, avalia tendências que virão para fortalecer a produtividade dos produtores de etanol e de açúcar
Diretor da General Chains, que fornece equipamentos para o setor, avalia tendências que virão para fortalecer a produtividade dos produtores de etanol e de açúcar
O setor sucroenergético brasileiro tem projeções otimistas para os próximos anos. Do ponto de vista de mercado, o etanol anidro (misturado à gasolina) e o hidratado (para veículos flex) têm demanda garantida internamente e no exterior.
O que também fortalece essa projeção positiva é a vantagem ambiental do biocombustível. Cada litro dele emite 0,24 gramas de gás carbônico (CO2) na atmosfera, contra 2,2 quilos lançados pelo litro da gasolina, destaca o químico industrial especialista em petróleo, gás e energia Marcelo Gauto (leia mais aqui).
Por sua vez, as vantagens ambientais do etanol brasileiro fazem o Brasil cumprir seus compromissos assumidos no Acordo de Paris de reduzir a emissão de gases de efeito-estufa, como o CO2, e ajudará também outros países na mesma direção.
Mas há etanol suficiente para tanto?
No período produtivo das usinas de cana, denominado safra, a fabricação de etanol nas usinas dos estados da região Centro-Sul chegou a 28,29 bilhões de litros até 16 de novembro, conforme a Unica, entidade representativa do setor.
Essa produção foi 18% inferior de mesmo período da safra anterior, que chegou a 33,29 bilhões de litros (confira os dados aqui).
A queda entre uma safra e outra é explicada pela alteração do mix produtivo para o açúcar, mudança permitida nas usinas de cana. Para se ter ideia, até 16 de novembro a produção do adoçante estava em 37,66 milhões de toneladas no Centro-Sul, pouco mais de 10 milhões acima do fabricado em igual período da safra anterior.
Detalhe: a produção de etanol e de açúcar foi obtida com 585,73 milhões de toneladas de cana processadas até 16 de novembro (mais aqui), montante 3,69% acima de igual período de 2019.
Voltemos à pergunta: se o mercado projetado é otimista para o etanol, e se sua produção caiu neste ano, como garantir produção maior para atender possíveis demandas inclusive externas?
Para ganhar produtividade, entra em cena a tecnologia, cujas ferramentas já fazem e deverão fazer ainda mais os ganhos produtivos saltarem.
E entra nesse radar os fornecedores de bens e serviços do setor sucroenergético. Eles integram o universo das 361 unidades produtoras de etanol em atividade no país, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Temos a melhor tecnologia do mundo em fabricação de etanol”
Para detalhar sobre o papel estratégico dos fornecedores das usinas, Energia Que Fala Com Você entrevista Luís Carlos Bróglio.
Em resumo, Bróglio respira o setor sucroenergético bem de perto: graduou-se em Engenharia Mecânica e, depois, fez especialização em Engenharia Econômica, ambos em instituições de ensino de Piracicaba.
O município é berço paulista do setor sucroenergético e onde ficam algumas das principais fornecedoras de bens e serviços para usinas, entre elas a General Chains do Brasil, produtora de vários itens para usinas e da qual Broglio é diretor técnico comercial desde 2007.
Como o senhor avalia a qualificação do setor sucroenergético brasileiro, que inclui, além das usinas, toda a cadeia de fornecedores?
Luís Carlos Bróglio – O Brasil tem a melhor tecnologia do mundo em fabricação de açúcar, etanol e também em suas lavouras. Basta analisar os números recordes obtidos na safra 2020. E isso só foi possível em virtude de novas tecnologias que estão sendo aplicadas tanto nas
áreas industrial e agrícola.
Qual a participação da General Chains do Brasil no setor sucroenergético?Luís Carlos Bróglio – A General Chains do Brasil é fabricante de correntes transportadoras metálicas, engrenagens, taliscas perfiladas, taliscas de caldeiraria, mancais de deslizamento com bucha de bronze, eixos, tambores emborrachados, roldanas movidas,
e demais componentes especiais sob consulta.
Fundada em 18 de outubro de 2004, a General Chains do Brasil produz peças novas e também a reforma e manutenção delas.
Além do setor sucroenergético, atendemos os mercados de papel e celulose, suco cítrico, grãos e óleos vegetais, cimento e mineração.
No tocante aos parques industriais das usinas, qual é a tendência de investimentos em busca de maior produtividade?
Luís Carlos Bróglio – Hoje em dia, com o advento das automações, integrações 4.0, tecnologia da informação em tempo real, [o setor sabe que] esse será o caminho para a diminuição de custos e
busca da excelência nas operações.
E com isso, teremos uma safra maior e os fornecedores terão que se readaptar utilizando novos materiais e processos de fabricação para poder suportar essas novas exigências mecânicas.
E no caso do exterior, uma vez que a tendência é de incentivar a implantação de usinas de etanol em outros países? Como os fornecedores farão?Luís Carlos Bróglio – Eu tenho visitado os países da América Latina e México, com bastante frequência, e muitos deles já estão começando a produzir etanol, para mesclar com a gasolina, para se adaptarem ao Acordo de Paris, e mitigar as emissões de CO2.
A General Chains do Brasil tem participado de feiras e eventos internacionais, e feito visitas a países junto com o grupo do Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA), de Piracicaba, e participado da Fenasucro, que é a maior feira sucroalcooleira mundial, que é muito visitada pelos estrangeiros.
Quais os gargalos que emperram os avanços dos fornecedores do setor sucroenergético e o que precisa ser feito para resolver?
Luís Carlos Bróglio – O Brasil necessita com urgência fazer a sua reforma tributária para desonerar as empresas, e permitir que nós possamos competir em igualdade de condições com os outros países.
Hoje algumas empresas monopolizam o mercado e nos tornamos reféns de aumentos de preços e escassez de matéria-prima.
Cito o exemplo do CEISE Br, entidade com sede em Sertãozinho, do qual somos associados, e que tem tido uma postura junto ao Governo Federal, de buscar um alívio as empresas nesta fase tão difícil que estamos passando.
Fonte site Brasil Offshore