A Petrobras anunciou uma grande contratação de serviços. A companhia que desde 2014 paralisou todas as grandes contratações, como o Comperj agora reinicia investimentos na Bacia de Campos. A empresa vai promover uma reformulação em 39 plataformas de petróleo na região da Bacia de Campos, visando aumentar a produção. O número representa cerca de 75% das 53 unidades existentes no local.
Serão três licitações, a expectativa é que a nova leva de encomendas receba investimentos de R$ 3 bilhões e gere pelo menos três mil empregos diretos, de acordo com projeções da Abespetro, associação que reúne empresas prestadoras de serviços para a indústria petrolífera.
A contratação de serviços, considerada a maior da história da Petrobrás na Bacia de Campos, vai beneficiar principalmente o município de Macaé.
A expectativa de geração de vagas domina as conversas dos trabalhadores do setor, e muitos já pensam em voltar para a cidade, uma das mais afetadas nos últimos anos pela crise provocada pela redução dos investimentos da Petrobras e pela queda do preço do petróleo, com o fechamento de cerca de 40 mil vagas.
A Petrobras está realizando uma licitação dividida em três lotes para serviços de manutenção em 25 plataformas. Participam da concorrência 19 empresas nacionais e estrangeiras. Segundo a estatal, a contratação será concluída até abril, com a mobilização do serviço a partir de junho de 2018.
Uma outra licitação está prevista com prazo de entrega das propostas para este mês. Neste caso, são dois lotes que envolvem serviços em 14 plataformas. Essa licitação também deve gerar investimentos da ordem de R$ 1 bilhão e mais mil postos de trabalho. Para 13 dessas unidades, a Petrobras realizou uma primeira licitação meses atrás, que foi dividida em quatro lotes, com expectativa de movimentar outro R$ 1 bilhão. Concluída em agosto, levaram os contratos as companhias O Engenharia, da francesa Vinci, e a CSE, da Aker.
Todas as licitações envolvem serviços de manutenção das plataformas, de pintura a troca de diversos componentes, como tubulações, e serviços de caldeiraria. Esses contratos englobam a encomenda para construção e, depois, a instalação dos equipamentos nas plataformas.
— As três concorrências em andamento vão criar mais de três mil vagas a partir de 2018 na região de Macaé. Um indicador inequívoco da retomada da atividade no setor petroleiro — destacou Telmo Ghiorzi, diretor da Abespetro.
Ghiorzi disse ainda que as licitações da Petrobras vão contribuir para aumentar a produção de petróleo na Bacia de Campos, que responde por 44% da produção nacional de petróleo, com um total de 1,483 milhão de barris por dia. A região vem perdendo espaço para o pré-sal da Bacia de Santos, que já responde por 44,7% da produção nacional, com 1,507 milhão de barris diários.
— No Brasil, apenas 24% do petróleo presente nas jazidas são de fato produzidos. É um valor baixo. E esses serviços de manutenção certamente vão ajudar a aumentar a produção desses campos. No mundo, esse percentual médio é de 35%, chegando a 70% em alguns lugares — completou Ghiorzi.
Maurício Almeida, presidente da Associação Brasileira de Engenharia da Construção Onshore, Offshore e Naval (Abecoon), diz que a as reformas das plataformas na Bacia de Campos representa atualmente a maior licitação em andamento pela Petrobras.
— A estratégia da Petrobras com essas licitações é reduzir a queda na produção na Bacia de Campos. Por isso, a companhia está ampliando os investimentos com essas licitações. A empresa quer renovar as plataformas. E isso é muito bom, pois vai gerar muitos empregos, sobretudo, em Macaé. As empresas já estão falando em aumento de contratação, de criação de vagas. E isso é ótimo, depois de anos de retração — disse Almeida.
Empresários da região também indicam um aquecimento na procura de companhias do setor. Em Macaé, o secretário da IADC – Dr.Leandro Luzone se diz otimista com a retomada do mercado petroleiro. “Essa semana em um evento com nossos associados em comemoração do desempenho de segurança do ano de 2017 pude constatar entre os executivos presentes que as perspectivas voltam a ser muito boas para o ambiente de negócios na Bacia de Campos”.
Segundo projeções do prefeito Aluízio dos Santos Júnior, a expectativa é que sejam gerados 25 mil empregos na cidade nos próximos anos. Esse número é reflexo do novo momento do setor, que inclui os planos de revitalização dos campos maduros e os leilões feitos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
— Hoje, o setor emprega cerca de 50 mil pessoas em Macaé. As reformas que a Petrobras quer fazer nas plataformas são fundamentais para gerar emprego e aumentar a produção de petróleo. O ano de 2017 foi importante pelas mudanças nas regras de operador único no pré-sal e no regime de partilha — disse Dr. Aluízio prefeito de Macaé.
Do outro lado, sindicatos que representam os trabalhadores criticam a falta de informações por parte da Petrobras. Amaro Luiz Alves da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Offshore do Brasil (Sinditob), diz que é difícil prever o volume de vagas que pode ser gerado a partir de 2018:
— De setembro de 2014 a novembro de 2017, foram 39.184 rescisões. Há empresas que não estão operando mais.
LICITAÇÕES ENVOLVENDO MUITAS EMPRESAS
O executivo da Abespetro aformou que a Petrobras tem convidado cerca de 20 empresas para participar das licitações. O número é bem diferente do período anterior à Operação Lava-Jato, quando as licitações envolviam de duas a três companhias. Segundo executivos do setor, as disputas têm sido tão acirradas que, em alguns casos, a diferença de preço nas propostas apresentadas é inferior a 1%.
— As concorrências cujos resultados já foram divulgados mostram competição acirrada e preços muito próximos entre os licitantes — comentou Ghiorzi.
Especialistas lembraram que ainda há a perspectiva de novas encomendas para o setor. A lista, dizem eles, é animadora. Eles citam as obras da unidade de processamento de gás natural do Comperj, em Itaboraí, novas plataformas de produção e até mesmo a prestação de serviços para o encerramento das atividades de algumas plataformas, o chamado descomissionamento.
— O país precisa se preparar para que a demanda por descomissionamento gere capacitação técnica — disse o diretor da