A fuga de recursos da caderneta de poupança diminuiu em fevereiro, apesar de a aplicação estar com os rendimentos comprometidos por causa da queda dos juros. No mês passado, os investidores retiraram R$ 3,57 bilhões a mais do que depositaram na aplicação, informou ontem (5) o Banco Central. Em fevereiro do ano passado, os saques líquidos – diferença entre retiradas e depósitos – tinham atingido R$ 4,02 bilhões.
O recorde de retiradas líquidas para meses de fevereiro tinha sido registrado em 2016: R$ 6,64 bilhões. Tradicionalmente, os dois primeiros meses do ano apresentam fortes saques da poupança. Isso porque a população usa parte das reservas financeiras para cobrir gastos de início de ano, como impostos, material escolar e quitar as compras de Natal.
Até 2014, os brasileiros depositavam mais do que retiravam da poupança. Naquele ano, as captações líquidas chegaram a R$ 24 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, os investidores passaram a retirar dinheiro da caderneta para cobrir dívidas, em um cenário de queda da renda e de aumento de desemprego.
Em 2015, R$ 53,57 bilhões foram sacados da poupança, a maior retirada líquida da história. Em 2016, os saques superaram os depósitos em R$ 40,7 bilhões. A tendência inverteu-se em 2017, quando as captações excederam as retiradas em R$ 17,12 bilhões, e em 2018, com captação líquida de R$ 38,26 bilhões. Em 2019, a poupança registrou captação líquida de R$ 13,23 bilhões.
Com rendimento de 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia), a poupança está atraindo menos recursos porque os juros básicos estão no menor nível da história. Com a Selic em 4,25% ao ano, o investimento está cada vez rendendo menos.
Nos 12 meses terminados em fevereiro, a aplicação rendeu 3,76%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que serve como prévia da inflação oficial, atingiu 4,21%. O IPCA cheio de fevereiro será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no próximo dia 11.
Para 2020, o Boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial de 3,19% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com a atual fórmula de rendimento, a poupança renderá 2,975% em 2020, caso a Selic permaneça em 4,25% ao longo de todo este ano.