Segunda-feira, Novembro 25

Imagine um ambiente com 100 trilhões de seres vivos. Muitos diriam que isso é impossível, já que o próprio planeta Terra possui oito bilhões de habitantes. Pois esse ambiente existe e está dentro de você: é a microbiota intestinal humana, popularmente conhecida como flora intestinal.

Os micro-organismos, como vírus, fungos e bactérias, colonizam todo o organismo humano, como a boca, os olhos, a pele, o estômago, o sistema respiratório etc. Mas a maior parte da colonização (cerca de 70%) ocorre no trato gastrointestinal2.

A flora intestinal é composta por trilhões de bactérias (estima-se que entre 10 e 100 trilhões) que vivem em um ambiente denominado microbioma. A maioria delas é benéfica e auxilia na digestão, na melhor absorção de nutrientes e na síntese de vitaminas3.

Além disso, essas bactérias “do bem” promovem o fortalecimento da barreira intestinal e são capazes de proteger o organismo contra agentes causadores de doenças (como outros vírus e bactérias), regulando, assim, a imunidade3-4.

Flora intestinal e o desenvolvimento da imunidade

O intestino não é apenas um órgão de digestão e absorção – ele também tem um papel importante no sistema imunológico3.

Tudo começa a partir do nascimento. Em partos normais, o bebê é exposto a bactérias do canal vaginal da mãe e, com isso, adquire uma maior variedade de microrganismos responsáveis por auxiliar no desenvolvimento de seu sistema imunológico.

Já os recém-nascidos por cesárea apresentam um microbiana semelhante ao da pele da mãe e do ambiente hospitalar, com menor diversidade, o que pode comprometer as defesas de seu organismo3-4.

Cerca de 80% de todas as células imunológicas do corpo humano estão localizadas no trato gastrointestinal, por isso a importância de se ter uma flora equilibrada desde o início da vida.

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Um estudo da Sociedade Americana de Microbiologia, publicado em 2018, mostrou que existe uma forte associação entre a microbiota infantil e o índice da Massa Corporal (IMC) o que pode ajudar a identificar crianças em risco de obesidade. Segundo os pesquisadores, desequilíbrios na flora intestinal de bebês aos dois anos apontam para uma probabilidade significativa de obesidade aos 12 anos7.

Doenças associadas ao desequilíbrio da flora intestinal

Um desequilíbrio da flora intestinal, ou seja, um aumento na proporção de bactérias consideradas nocivas ao intestino em relação ao volume de bactérias do bem, pode acontecer quando você não tem uma alimentação balanceada (com excesso de proteínas, gorduras, alimentos ultra processados e pobre em fibras), quando faz uso de certos medicamentos, como antibióticos, e até mesmo se está sob níveis altos de estresse8-9.

Esse desequilíbrio é chamado de disbiose, o que leva à produção de toxinas e pode causar inflamação e diminuição da capacidade do intestino de absorver nutrientes. A disbiose está associada a uma série de doenças, que vão desde problemas gastrointestinais, como síndrome do intestino irritável, intolerância à lactose e doença celíaca, até condições graves, como obesidade, diabetes tipo 2, Alzheimer e câncer..

A composição da flora intestinal pode afetar a capacidade do organismo de adquirir nutrientes e regular o uso de energia. As bactérias presentes no intestino atuam no metabolismo e estão envolvidas no armazenamento de gordura, regulação do apetite, ganho de peso e sensibilidade de insulina (hormônio que controla o açúcar no sangue). Dessa forma, a disbiose desempenha um papel importante no desenvolvimento da obesidade e de doenças relacionadas8-9.

Pesquisas indicam que a perda de peso por meio de dieta com restrição de carboidratos ou gordura, com baixo teor calórico, está relacionada ao aumento da variedade das bactérias intestinais e à redução da inflamação sistêmica crônica.

Como regular a flora intestinal?

Cuidar da flora intestinal é essencial para garantir saúde e qualidade de vida. Confira algumas dicas para mantê-la em equilíbrio:

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