O consumidor brasileiro tem enfrentado um fenômeno cada vez mais comum no mercado: a redução do peso ou volume das embalagens de produtos de consumo diário sem uma redução proporcional no preço. Popularmente conhecido como “shrinkflation” (redução + inflação), essa prática tem se tornado uma estratégia frequente de marcas tradicionais e amplamente consumidas para lidar com o aumento de custos de produção sem repassar totalmente esses aumentos para o preço final de forma explícita.
Como Funciona a “Shrinkflation”?
A shrinkflation ocorre quando as empresas diminuem as quantidades dos produtos oferecidos (como gramatura, volume ou quantidade de unidades) enquanto mantêm o mesmo preço ou até mesmo o aumentam. Na prática, o consumidor paga mais por menos, muitas vezes sem perceber de imediato.
Veja alguns exemplos:
- Pacotes de biscoitos que passam de 200g para 180g.
- Caixas de leite condensado que antes tinham 395g e agora apresentam 370g.
- Produtos de limpeza com embalagens menores, mas design visual semelhante às versões anteriores.
Qual o motivo dessa ocorrência?
O aumento dos custos de produção, como energia, matérias-primas e transporte, impulsionado pela inflação global, força as empresas a buscar alternativas para manter suas margens de lucro. Reduzir o conteúdo das embalagens, em vez de aumentar diretamente os preços, é uma forma de minimizar a percepção de inflação por parte do consumidor.
O impacto para o consumidor
Embora a prática seja legal desde que informada no rótulo, muitos consumidores só percebem a mudança ao comparar atentamente os produtos nas prateleiras ou após a compra. O impacto é significativo, especialmente para famílias de baixa renda, que têm menos flexibilidade no orçamento.
Essa estratégia afeta também a confiança dos consumidores em marcas tradicionais. Uma pesquisa recente do Procon-SP revelou que cerca de 62% dos consumidores sentem-se enganados ao descobrir a redução de peso ou volume sem um aviso claro na frente das embalagens.
Quais os setores mais afetados
A shrinkflation tem sido observada principalmente em:
- Alimentos e bebidas: Biscoitos, massas, molhos e bebidas.
- Produtos de higiene pessoal: Sabonetes, cremes dentais e shampoos.
- Produtos de limpeza: Detergentes e amaciantes.
O Que dizem os especialistas?
Especialistas em consumo apontam que, embora seja uma estratégia legítima do ponto de vista econômico, ela pode gerar insatisfação a longo prazo. Empresas que não comunicam de forma clara as alterações podem ser vistas como menos transparentes, prejudicando sua reputação.
Por outro lado, para o consumidor, é essencial adotar práticas como comparar os preços por unidade de medida (grama, litro ou unidade) para fazer escolhas mais conscientes e identificar as reais mudanças nos produtos.
O que se espera para o futuro
Com a inflação e os custos ainda elevados, espera-se que a prática da shrinkflation continue. No entanto, há um movimento crescente de órgãos de defesa do consumidor pressionando por maior clareza e destaque nas informações das embalagens.
Para o consumidor, a principal recomendação é estar atento, observar mudanças e, quando necessário, questionar as marcas ou optar por alternativas que ofereçam melhor custo-benefício. Enquanto as empresas lidam com desafios econômicos, o consumidor precisa estar mais atento e informado para não pagar mais por menos. A transparência será um diferencial importante para marcas que buscam manter a confiança de seus clientes em tempos de incerteza econômica.