No mercado farmacêutico, os medicamentos genéricos e os de marca têm papéis complementares, mas frequentemente despertam dúvidas nos consumidores. Uma das questões principais levantadas é que há diferença nos insumos usados na fabricação dessas categorias de medicamentos. A resposta é mais técnica do que parece e envolve aspectos de regulamentação, qualidade e formulação.
O que diz a legislação?
No Brasil, os medicamentos genéricos são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e devem, por lei, conter o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma farmacêutica, que os medicamentos de referência (marca). Isso significa que o consumo farmacêutico ativo (IFA), responsável pelo efeito terapêutico – deve ser rigorosamente igual em ambos.
A Anvisa realiza testes rigorosos para garantir que os genéricos sejam bioequivalentes à marca, ou seja, que tenham a mesma eficácia e segurança. No entanto, os excipientes – substâncias que compõem o restante do medicamento, como corantes, conservantes e agentes de enchimento, podem variar entre as formulações.
Diferença nos insumos
Princípio ativo:
Tanto nos medicamentos de marca quanto nos genéricos, o princípio ativo deve seguir os mesmos padrões de qualidade, independentemente do fabricante. Isso inclui pureza, estabilidade e eficácia comprovada.
Excipientes:
É aqui que surgem diferenças mais significativas. Medicamentos de marca, por vezes, utilizam excipientes mais avançados, que podem melhorar aspectos como sabor, tempo de absorção e durabilidade do produto. Já os genéricos, para manter preços mais acessíveis, costumam adotar formulações mais básicas, mas sem comprometer a eficácia do medicamento.
Origem dos insumos:
Muitas vezes, os fabricantes de medicamentos genéricos compram o princípio ativo de fornecedores diferentes daqueles usados pelas grandes marcas, mas esses insumos passam pelos mesmos processos de análise e certificação. A globalização do mercado farmacêutico permitiu que muitos genéricos utilizassem insumos vindos de países como Índia e China, que são grandes polos de produção de IFAs.
O impacto no consumidor
Do ponto de vista terapêutico, os medicamentos genéricos são uma alternativa segura e mais econômica, justamente porque os fabricantes não precisam investir em pesquisa e desenvolvimento da molécula – um processo que eleva os custos dos medicamentos de marca. Por outro lado, algumas pessoas podem perceber diferenças relacionadas aos excipientes, como a sensibilidade a um conservador ou a sensação de que o genérico “idade de forma diferente”.
As diferenças
A principal diferença entre genéricos e medicamentos de marca está nos detalhes das formulações e na abordagem de produção, e não na qualidade ou na eficácia. Ambos são fiscalizados e aprovados para garantir o mesmo resultado terapêutico, cabendo ao consumidor escolher com base no custo-benefício e nas recomendações médicas.
Essa distinção reafirma o papel dos genéricos como uma ferramenta essencial para ampliar o acesso à saúde, enquanto os medicamentos de marca continuam liderando a inovação farmacêutica.