O número de espermatozoides presentes no sêmen humano caiu 53% no mundo nos últimos 45 anos, segundo um estudo que analisou os dados sobre a contagem dos gametas ao longo do tempo. A pesquisa foi conduzida por várias instituições, incluindo a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade de Jerusalém, em Israel, e a Icahn School of Medicine Mount Sinai, em Nova York, nos Estados Unidos.
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A mesma equipe já havia feito um levantamento similar em 2017, com dados apenas da Europa, Estados Unidos e Austrália. Agora, a nova pesquisa inclui números da América Latina, da África e da Ásia.
Os pesquisadores fizeram uma revisão de mais de 10 mil estudos realizados com amostras de sêmen coletadas entre 1973 e 2018. Desses, 223 preencheram os requisitos metodológicos para a contagem dos gametas e o perfil da população, totalizando 57.168 homens de 53 países em seis continentes. Foram excluídos trabalhos que não seguiam o modelo preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a apuração do número dos espermatozoides.
A conclusão dos pesquisadores é que a diminuição na quantidade de gametas é um fenômeno global, que aparece de forma mais acentuada a partir do ano 2000.
Estilo de vida influencia
Os cientistas atribuem essa redução principalmente a fatores ambientais e ao estilo de vida moderno. De acordo com eles, essa é uma queda muito drástica para ser explicada apenas por variações genéticas.
A exposição a poluentes ambientais, como plásticos e agrotóxicos, entre outros, produz alterações hormonais, já que as substâncias atuam como desreguladores do sistema endócrino. As mudanças podem afetar a produção de hormônios ainda no útero, com prejuízo ao sistema reprodutor do feto e desenvolvimento de outros efeitos negativos a longo prazo.
Além dos aspectos ambientais, a obesidade também pode desregular as taxas hormonais porque o tecido adiposo converte testosterona em estrogênio. Sedentarismo, tabagismo, consumo de outras substâncias nocivas e infecções sexualmente transmissíveis (IST) podem contribuir para explicar o problema.
Tem impacto na fertilidade?
Por enquanto, não é conhecido o real impacto da queda na produção dos espermatozoides na capacidade reprodutiva dos homens no futuro. As taxas encontradas ainda estão dentro dos níveis considerados suficientes para a reprodução humana. Mas, segundo a pesquisa, se essa tendência continuar elevada, cada vez mais homens estarão abaixo do limiar saudável.
Pode causar outros problemas?
Há outros estudos que relacionam a baixa contagem de espermatozoides com maior incidência de doenças cardiovasculares, o que aponta que esse dado pode ser também um indicador da saúde geral do homem.
Fonte: Einstein